02 janeiro 2014

Não me acompanhe em dislexia.

Pensei que teriam me dado uma chance de me explicar, de me deixar pôr as peças no lugar, de me deixar ser eu. Por mais que pareça que me perdi na monotonia de mim e dos outros, ainda guardo lugar para o novo, o surpreendente que sempre bate a porta mesmo que eu não a abra.

Aprisionada por vezes no terror bucólico do medo de seguir em frente, encaro o espelho manchado dos dias, guardando a melhor figura de mim enquanto  me arrumo e me comporto para o desconhecido. Severamente me amordaço fora, puxo a alma para dentro e me conforto com o sigo e o mesmo. E assim armadas com as armas, não do santo, mas as minhas encaro o mundo e finjo o absurdo de que dessa maneira estarei muito mais protegida de mim do que dos outros, e é isso que importa. 

Já gravei o veraneio e a casa de campo dos dois, o meu e o teu, agora que somos um e nenhum perdido em ambos, pois, compartilhamos do mesmo café, mas não das ideias. Parecendo casados a tanto, amando tampouco. Ora, se a psicanálise um dia me escolher desse jeito meio enfadonha, descobrirá que o amor a você é muito e se questionaria sobre o sentimento e a quantidade como fonte dispersa ao que nos cabe. 

Pois sou louca abaixo da razão do ser, a que se pergunta mais do que responde, que é pouco e muito sem saber. Nem alma nem espírito, apenas o questionamento do que é vivo do que excita, do que envolve. É o paradoxo da preocupação excessiva, da velhice precoce, das pernas e costas que doem mentalmente. Aos vinte se acha que viveu por muito, cansa-se fácil e não há o que se conforme. É dor de parto sem dar a luz, o reclamar pelo reclamar para amenizar as preocupações. Escreve entre os pontos e vírgulas as caraminholas de sua cabeça, sabendo que ninguém lerá e quem lerá não irá entender. 

Procura pelo próprio verbo e carne. 
Numa espécie de consubstanciação do que é e do que seria, do que serei, do que deveria ser, do que assim seja que assim se faça e um amém. 

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